
VEM AÍ A 25ª COPA TIRADENTES DE FUTEBOL SOCIETY DE ROLIM DE MOURA 6bw3g
Publicado em 19/05/2025 14:43 hrs
Fonte: Clarin - Em ESPORTE - 25/11/2020 12:33:00 2b5g5i
Maior jogador da história do futebol argentino, Diego Armando Maradona morreu nesta quarta-feira (25) aos 60 anos.
Maradona sofreu uma parada cardiorrespiratória em sua casa em Tigre, segundo o jornal argentino "Clarín".
E um dia aconteceu. Um dia aconteceu o inevitável. É uma bofetada emocional e nacional. Um golpe que reverbera em todas as latitudes. Um impacto mundial. Uma notícia que marca uma dobradiça na história. A frase que foi escrita várias vezes mas que foi driblada pelo destino agora faz parte da triste realidade: Diego Armando Maradona morreu.
Villa Fiorito foi o ponto de partida. E a partir daí, daquele canto adiado da zona sul da Grande Buenos Aires, se explicam muitos dos condimentos com que viveu o combo com que Maradona viveu. Uma vida televisionada desde aquela primeira mensagem para a câmera em um pasto em que um menino disse que sonha em jogar pela Seleção. Um salto no vazio sem pára-quedas. Uma montanha-russa constante com subidas e descidas íngremes.
Ninguém deu a Diego as regras do jogo. Ninguém deu ao seu ambiente (conceito tão naturalizado quanto abstrato e mutável ao longo de sua vida) o manual de instruções. Ninguém tinha joystick para aguentar os destinos de um homem que com os mesmos pés que pisou na lama chegou a tocar o céu.
Talvez sua maior coerência tenha sido ser autêntico em suas contradições. O de não deixar de ser Maradona mesmo quando nem mesmo ele ava. Aquele que abriu amplamente sua vida e naquela caixa de surpresas para despir muito da idiossincrasia argentina. Maradona são os dois espelhos: aquele em que é agradável nos olharmos e o outro que nos embaraça.
Ao contrário dos mortais comuns, Diego nunca poderia esconder nenhum dos espelhos.
Ele é o Cebollita que tinha apenas uma calça de veludo cotelê e é o homem das camisas brilhantes e da coleção de relógios luxuosos. É ele quem faz quatro gols para um goleiro que tenta desafiá-lo e ao mesmo tempo para o treinador que tenta chicanar os alemães e acaba sendo humilhado. É o que sai da glória do estádio Azteca e o que sai das mãos de uma enfermeira nos Estados Unidos. Ele é aquele que discursa, aquele que treme, aquele que levanta, aquele que motiva. Aquele que pegou um avião de qualquer parte do mundo para vir jogar com a camisa da Seleção. Aquela com a fechadura loira e aquela que estaciona o caminhão Scania no país. É o gordo que a o tempo jogando golfe em Cuba e o magrelo de La Noche del Diez. Aquele que retorna da morte em Punta del Este. Ele é namorado de Claudia e também o homem acusado de violência de gênero. É o viciado em luta constante. Aquele que canta tango e dança cumbia. Aquele que se apresenta à FIFA ou diz ao Papa para vender o ouro do Vaticano. Aquele que estava reconhecendo as crianças como alguém que tenta consertar buracos em sua vida. Ícone do nono neoliberalismo e aquele que embarcou no trem para ficar cara a cara com Bush e ser a bandeira do progressismo latino-americano. É cada tatuagem que ele tem na pele, Che, Dalma, Gianinna, Fidel, Benja ... Ele é o homem que abraça a Copa do Mundo, aquele que reclama quando os italianos insultam nosso hino e aquele que traz um sorriso aos heróis de Malvinas com um fósforo digno de uma ficção, uma obra literária, uma obra de arte. Porque se você tivesse que escolher apenas um partido, seria esse. Porque não houve e não haverá um setor da vida mais Maradona do que aqueles quatro minutos decorridos entre os dois gols que ele marcou em 22 de junho de 1986 contra os ingleses. O melhor resumo da sua vida, do seu estilo, do que foi capaz de criar. Ele pintou sua obra-prima nos melhores quadro possível. Ele disse ao mundo quem é Diego Armando Maradona. O trapaceiro e o mágico, aquele que é capaz de enganar a todos e arrancar uma mão velhaca e aquele que imediatamente se supera com a pontuação de todos os tempos.
Barril cósmico. E a bola não está manchada. E pernas decepadas. E que eles continuam sugando. E a tartaruga que escapa. E o vaso do departamento de Caballito, o rifle de ar comprimido contra a imprensa, a Ferrari preta que ele descartou porque não tinha aparelho de som, a máfia napolitana e toda uma cidade que opta por viver de pausa, entregue ao seu Deus. É aquele com as canções, os documentários brutos e as biografias sempre desatualizadas. Aquele que pega o telefone e liga quando você menos espera e mais precisa. Aquele que jogava jogos beneficentes sem ninguém saber. Aquele que vai do amor ao ódio com Cyterszpiler, com Coppola ou com Morla. Aquele que sempre volta às origens e dá mais atenção a quem tem menos.
Ele é o avô viscoso e o pai inível.
Ele é antes de tudo e acima de tudo filho de Dona Tota e Dom Diego.
E Maradona está no presente, apesar de que aqueles que morrem têm que escrever no ado. É o que em Dubai esfregou ombro com xeques e contratos milionários e o que em Culiacán e com 40 graus à sombra pediu um ensopado em casa. Aquele que foi internado em um hospital neuropsiquiátrico. Aquele que poderia largar a cocaína. Aquele que jogava jogos em Harvard. É ele que, como treinador de ginástica, viveu uma homenagem adiada ao futebol argentino. Aquele que liderou
Racing e Mandiyú não foram este último Diego com joelhos tortos, palavras esticadas e emoções brotando sem filtro.
Maradona também é o homem que desapareceu. Seu corpo rachou e ele começou a trazer à luz tantos anos de castigos físicos, transbordamentos, excessos, chutes, infiltrações, tropeções, vícios, altos e baixos com seu peso, caminhando pelos extremos sem rede de segurança.
E a alma se desvaneceu com a batida do corpo. Ultimamente, ele não queria mais ser Maradona e não podia mais ser um homem normal. Nada o motivava mais. O paliativo de antidepressivos e pílulas para dormir não funcionava mais. E a combinação com álcool acelerou a fita. Cada vez menos coisas ligavam seu motor: nem dinheiro, nem fama, nem trabalho, nem amigos, nem família, nem mulheres, nem futebol. Ele perdeu seu próprio joystick. E perdeu o jogo.
Fiorito chora por ele, o cenário inicial para a história deste filme e uma peça fundamental para a compreensão do personagem. Os Cebollitas choram por ele onde ele foi encorajado a sonhar grande. Argentinos Juniors chora por ele onde não é apenas o nome do estádio, mas o melhor exemplo de um molde que gera orgulho. Boca chora por ele e por toda a paixão que ele juntou a um vínculo que estava mudando, mas manteve o amor genuíno. Nápoles está de luto por ele, seu altar maravilhoso no qual com uma bola mudou para sempre a vida de uma cidade. Seville, Barcelona e Newell's também estão de luto por ele, estufando o peito por tê-lo acolhido. A Seleção está de luto porque ninguém defendeu as cores azul e branco como ele.
O país inteiro e o mundo estão de luto por ele.
Entre tantas coisas que fez em sua vida, Maradona fez uma particularmente exótica: ele se entrevistou. Diego de paletó perguntou ao homem de camiseta do que ele se arrependia. “De não ter gostado do crescimento das meninas, de ter faltado às festas das meninas ... Lamento ter feito minha velha, meu velho, meus irmãos, aqueles que me amam sofrer. Não ter podido dar 100 por cento no futebol porque com a cocaína deu vantagens. Não tirei vantagem, dei uma vantagem ", foi respondido em sessão de terapia com 40 pontos de avaliação. Nessa mesma montagem realizada em 2005 em seu programa “La noche del Diez”, o Diego de terno sugeriu ao da camisa que deixasse algumas palavras para quando chegasse o dia da morte de Diego. “Uhh, o que eu diria?” Ele pensa. E define: “Obrigado por ter jogado futebol, obrigado por ter jogado futebol, porque é o esporte que me deu mais alegria, mais liberdade, é como tocar o céu com as mãos. Graças à bola. Sim, colocaria uma lápide que dizia: graças à bola ”.
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